quarta-feira, agosto 03, 2011

Em 2003, perdemos meu pai. Ele faleceu com 57 anos, novinho. Mas são coisas da vida moderna, comer muita coisa ruim, não praticar esportes, beber muito e fumar muito. Poderia acabar de outra forma? Não, né? Então, um dia ele estava lá e no outro não estava mais. Era uma sexta feira, nós pegamos o ônibus juntos, ele pagou minha passagem, sentamos lá no fundo do ônibus. Nos despedimos com um até logo. Eu fui pra Universidade e ele pro trabalho. E... pluft... acabou.

Isso meio que me fez perceber o quanto é importante exaltar a família, os amigos, o amor! Nós perdemos tantas oportunidades de dizer o que sentimos, o que pensamos, o quanto amamos, por nada. E família, ihhh família... temos que relevar tantas coisas, tantas diferenças e tantos conflitos. Mas é essencial sempre deixar claro pro outro o quanto são importantes para nós apesar das diferenças.

Quando eu me mudei pra Paris em 2005, recebi um email muito inesperado de uma colega da universidade. Ela dizia que gostaria de me dizer antes que nós perdessemos contato o quanto eu era legal e que nunca iria esquecer de nossas raras conversas. Ela estava, na verdade, pegando o tempo dela pra dizer o quanto ela me apreciava, mesmo tendo pouco contato comigo. Eu achei aquilo muuuito bacana da parte dela e nunca, nunca, esqueci! Ela estava certa. Foi muito importante pra mim saber o que ela pensava de mim depois de 5 anos estudando juntas e sem termos perspectiva de quando iríamos nos ver novamente. Ela entrou pra lista das pessoas inesquecíveis da minha vida.

E com minha melhor amiga? Nossa! No dia que eu peguei meu voo para ir ambora, ela me ligou, soluçando de tanto chorar! Eu soube naquele momento, que ela seria minha amiga pra sempre e que distância nenhuma iria nos separar.

Quando cheguei em Paris, como muitos sabem, eu e Romain passamos por um incêndio. E apesar de nunca ter contato aqui, durante os momentos de agonia, eu tive certeza que nós não iríamos sobreviver. Eu lutei lutei lutei, quando vi que não tinha jeito e que meu corpo não aguentava mais, eu simplesmente sentei no chão e esperei o pior acontecer. E pra minha surpresa, não. Eu renasci! O dia mais importante da minha vida foi o dia seguinte quando saimos do hospital, eu estava com meu amor, estavamos vivos, era um dia lindo e ensolarado em Paris, as famílias brincavam no parque. Era como se nada tivesse acontecido. Nós não tinhamos nada, nem casa, nem roupas e nem documentos, mas a vida estava ali, enchendo nossos pulmões e nossos corações. Depois daquele dia, eu decici viver, viver sem medo, como se não existisse amanhã. Viajar, torrar todo o dinheiro, conhecer novas culturas, manter contato com a família, fazer tudo que der vontade! Era uma nova fase da minha vida.

Hoje, 6 anos depois, alguém partiu novamente e Romain comenta que é necessário viver a vida pois a vida é curta. Eu percebo então, que eu não vivi esses os últimos 3 anos como eu gostaria.

Então as coisas ruins estão sempre ali, me alertando o quanto é importante cuidar da minha família, dos meus amigos, do meu amor e de mim! Quando será que eu farei disso minha religião e irei praticá-la diariamente e não só nos momentos difíceis?

2 comentários:

  1. O mais importante é que desses momentos difíceis você conseguiu tirar liçéoes muito positivas que te marcam até hoje...

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  2. Naquele dia que vc e Romain vieram aqui em casa, eu senti o mesmo que a menina da faculdade. Um sentimento de perda da convivência contigo que doía o coração. Enquanto vc estava aqui, mesmo que num páis diferentes e muitos kms de distância, eu ainda me sentia reconfortada. Pensava: "qq dia pego um avião e lá estou para experimentar uns quitutes dela". Hoje, não posso pensar mais o mesmo, embora entenda perfeitamente o caminho que vc está fazendo. Fica então a certeza de que a vida dá muitas voltas e um dia desses a gente se encontra e ri e relembra de muita coisa!

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