Reflexao de 2005

Mais um ano se passou.

Ele comecou com um beijo carinhoso e repleto de amor. E depois foi marcado por aquele que eu desejo ser o ultimo adeus.

2005 foi o ano que antes mesmo de chegar me deixou aflita e angustiada.

Sempre tive pleno controle da minha vida, nao que isso seja bom e emocionante, mas me deixava confortavel e me protegia das incertezas.

Mas 2005 seria diferente. Eu iria me formar, me tornar “adulta” e depois? O que viria depois?? Nem eu mesmo esperava.

Sem redeas na vida.

Um futuro aberto a tudo que aparecer e esperando a vida jogar belas oportunidades no caminho.

As pessoas sempre colocaram mais fé em mim que eu mesma. Eu queria fatos importantes e grandes realizacoes, mas nunca achei que seria capaz.

Aprendi que preciso aprender a ter paciencia e dar ao tempo o seu tempo.
E que paciencia nao adianta se voce nao espera nada na sua vida. Voce tem sonhar alto e acreditar em voce mesmo.

Um primeiro semestre corrido, marcado por muito trabalho, procura e luta. E no final de decisoes dificeis e de espera. Muita espera.

Me vi por muitos momentos sozinha. Com poucas pessoas em quem confiar. Cercada de descrença e reprovacoes.

Aprendi que nao posso confiar em todos e muito menos em mim mesma e que para um sonho se realizar ele deve ser seu, todo seu.

O emprego no Brasil nao apareceu. A vaga no mestrado na UFRJ estava na palma da mao, o diploma veio, mas ainda faltava um grande resultado... Ele veio e mostrou que sou capaz de conquistar o mundo se eu quiser.

Me vi tendo que optar entre uma vida completamente diferente e pela seguranca do meu lar.

Optei por estar exposta a VIDA! Exposta a tudo que surgir, tudo de novo e seguir por um caminho desconhecido.

Despedidas e lagrimas intercaladas de expectativas e felicidade.

E assim acabou essa fase da minha vida.

A nova nao foi simples.

Outro pais, outra lingua, outra cultura, longe da familia e dos amigos. Num ensino muito superior ao que estava aostumada. Mas com o carinho e amor que eu prometi seguir no primeiro dia do ano.

Eu estava feliz. Era um momento de descobertas e adaptacao.

Duas semanas depois passei pelo pior dia da minha vida. 15 minutos de pavor, com medo da morte e de tudo que eu deixaria para tras. Mas, com meu amor ao meu lado… alguem que me protegeu e cuidou de mim.

Entao outra fase se foi. Eu renasci! Era um dia linnndo, numa cidade linda, com sol e milhares de pessoas rindo e se divertindo nos parques e pracas. Hoje, essa eh a imagem que me vem na cabeça quando penso em vida.

A vida nao foi muito gentil. Mas aprendi a nunca mais reclamar e agradecer ateh mesmo nos piores dias, nas dificuldades e nos piores momentos. Aprendi a viver. Aprendi a sorrir mesmo nao tendo o que vestir e nem aonde morar, mesmo sem ter voz para conversar com a minha mae e ser consolada, mesmo tendo que passar o dia dentro de uma sala de aula sem trocar uma palavra com ninguem, mesmo nao tendo notas excelentes, mesmo sem entender o que as pessoas falam, mesmo deitando na cama repleta de medo e nao conseguindo dormir… Viver sorrindo vez a vida mais interessante nessa fase dificil. E lentamente ela vai voltando a rota normal.

Mesmo 2005 chegando ao final, ele ainda me deu um susto, mas isso eh coisa para se preocupar daqui a muitos anos, nao em 2006.

Eu aprendi que todas as frases de para-choques de caminhoes que eu utilisei nesse texto sao verdadeiras e que nao eh necessario vivenciar tudo isso para aprende-las.

Entao hoje eu soh tenho a agradecer.

A meus irmaos por estarem sempre presente.

Ao meu pai que estaria transbordando de orgulho nesse momento.

Aos amigos que acompanharam todo o processo de mudanca e torceram para tudo dar certo.

Aqueles que se preocuparam comigo e com o Romain depois do incendio. E nos ofereceram ajuda e apoio.

Especialmente, a minha mae que acreditou em mim, me ajudou muito e tornou isso tudo possivel.

E, principalmente, a essa pessoa maravillosa que esta do meu lado. Que me faz acordar e dormir sorrindo e por quem eu me apaixono mais diariamente.

Que 2006 seja o melhor dos anos. Para gente aqui e para voces aih.